sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Quando os trabalhadores perderem a paciência

(MAURO IASI*) 


As pessoas comerão três vezes ao dia 

E passearão de mãos dadas ao entardecer 

A vida será livre e não a concorrência 

Quando os trabalhadores perderem a paciência 



Certas pessoas perderão seus cargos e empregos 

O trabalho deixará de ser um meio de vida 

As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência 

Quando os trabalhadores perderem a paciência 



O mundo não terá fronteiras 

Nem estados, nem militares para proteger estados 

Nem estados para proteger militares prepotências 

Quando os trabalhadores perderem a paciência 



A pele será carícia e o corpo delícia 

E os namorados farão amor não mercantil 

Enquanto é a fome que vai virar indecência 

Quando os trabalhadores perderem a paciência 



Quando os trabalhadores perderem a paciência 

Não terá governo nem direito sem justiça 

Nem juizes, nem doutores em sapiência 

Nem padres, nem excelências 



Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca 

Sem que o humano se oculte na aparência 

A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência 

Quando os trabalhadores perderem a paciência 


Quando os trabalhadores perderem a paciência 

Depois de dez anos sem uso, por pura obscelescência 

A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá: 

“declaro vaga a presidência”! 


* Mauro Iasi é Professor da UFRJ e membro do Comitê Central do PCB (Partido Comunista Brasileiro)o
Comunista Brasileiro)