(Para Nilo Bragato
(O jardineiro fiel), a seus descendentes e amigos)
Na Bicuíba, no pé da pedra, na
beira do rio, próximo a mata, existe uma família de jardineiros com o exótico
hábito de cultivar cactos.
Esse cultivar já vem de longa
data, começou com a vovó Antonieta e vovô Nilo, e ao longo dos anos foi
passando de geração em geração, abrangendo a todos que com alguém dali tivesse
contato e convivesse. Mas não é tarefa fácil cultivar cactos, tem que ter a
mente aberta, um lugar aconchegante, ser paciente, ser duro quando necessário
sem perder a ternura.
Esses entes cultivados no
processo se confundem criador e criaturas, que tem como principais
características serem únicos. Em que pesem serem da mesma família e terem
hábitos comunitários, uma relação de cactos nunca é tranquila, pois são firmes
convictos de suas posições, e o fato de terem espinhos não faz o acordo fácil, respeitem
meus espinhos que eu respeito o seu. Mas quem pensa que eles são brutos estão
completamente enganados, esses seres diferentes adoram receber afagos, mas
cuidado, não use de falsidade, não acuie, não aperte, não oprima, não machuque nenhum
deles, e se eles se ajuntarem o bicho vai pegar.
A vovó Antonieta partiu, mas
deixou seus frutos bem cuidados nas terras da Bicuíba e por causa destes
Jardineiros e dos hábitos aqui construídos a Bicuíba se transformou em um Oasis
de calor humano e cultura de resistência contra todas as formas de opressão na
gélida Venda Nova do Imigrante.
Pois os seres nasceram para serem
livres e na força os filhos e as filhas da Bicuíba e seu Jardineiro fiel nunca se curvarão.
Bananeiras, 13 de outubro de 2013.
Wilson Jr.
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